26 jul, 2022
Projeto Pasto Forte mostra
que pecuarista pode triplicar a produção de arroba por hectare sem a
necessidade de abrir novas áreas
Estima-se que no Brasil exista
mais de 100 milhões de hectares de pastagem com algum nível de degradação que
necessitam de intervenção para reverter o estado em que se encontram. A
ferramenta mais eficiente para recuperar essas áreas, garantindo maior
produtividade aos pecuaristas, é o investimento em correção e adubação.
O Projeto Pasto Forte,
realizado pela Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação
MT) em parceria com a Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e
patrocínio do Instituto Mato-Grossense da Carne (Imac), está avaliando a
produtividade vegetal e animal e a fixação/estoque de carbono no solo em
diferentes regiões de Mato Grosso. Este comprovou, através de resultados
parciais, que o pecuarista atingiu 3,34 UA (Unidade Animal = 450 Kg de peso
corporal vivo) por hectare, enquanto a média nacional não passa de uma UA.
Segundo o zootecnista Thiago
Trento, pesquisador de Pecuária de Corte da Fundação MT, triplicar a quantidade
de animais por hectare significa potencializar mais a produção animal com
sustentabilidade, pois não é necessário abrir novas áreas, intensificando com
eficiência na mesma área.
Além disso, de acordo com o especialista,
a pesquisa mostrou que investimentos em adubação das pastagens de modo racional
proporcionaram ao pecuarista do município de Rondonópolis, assistido pelo
projeto, um lucro de quase 10 arrobas (@) por hectare (ha), fornecendo
suplementação mineral, num período de 152 dias na época das águas.
“Sem nenhum investimento em
adubação, o pecuarista deixou de produzir quase 4@ por ha devido à baixa
produção de massa de forragem e é justamente a conversão de capim em carne que
paga a conta do pecuarista”, diz Trento.
O projeto Pasto Forte está
sendo conduzido em quatro fazendas nos municípios de Rondonópolis, Cáceres,
Paranatinga e Nova Canaã do Norte, com o objetivo de gerar recomendações de
investimentos que garantam a sustentabilidade de sistemas produtivos em
pecuária de corte em três biomas diferentes: o Cerrado, o Pantanal e o
Amazônico. Dentro dessas fazendas, foi perguntado para os produtores quais
ambientes pastoris eles classificavam com bons, médios e ruins - e depois
confirmadas por meio de análise de solo e da pastagem. Depois de separadas as
áreas de pastagens, foi avaliada a eficiência dos investimentos em adubação dos
pastos. Esses investimentos foram determinados de acordo com a análise de solo
e perspectiva produtiva do pecuarista.
“É o que eu sempre falo: não
adianta realizar adubação nitrogenada que favorece a produção de massa de
forragem, se o produtor não tem a quantidade de animais suficiente para
consumir esse alimento produzido. É necessário planejar a taxa de lotação de
acordo com a massa de forragem produzida”, destaca Trento.
“Na pecuária a nossa máquina
de colheita são os animais: se não existe quantidade de forragem suficiente,
muitas vezes decorrente da falta de nutrientes e, consequentemente, adubação,
teremos uma baixa eficiência de pastejo, ou seja, os animais se tornam
ineficientes em converter capim em carne pela falta de alimento na pastagem”,
reforça.
Dessa forma, segundo o
pesquisador, é papel do produtor ou técnico “regular” e otimizar o consumo do
animal através do manejo pastejo, que deve levar em consideração a capacidade
de suporte do pasto.
Por
onde começar?
Em áreas mal manejadas ou com
algum nível de degradação, segundo o especialista da Fundação MT, é recomendado
começar com uma eficiente análise do solo, conhecer o que tem lá, as suas
deficiências para planejar o que se pode melhorar.
“Quando estamos doentes, o que
fazemos? Vamos ao médico, ele nos dá o diagnóstico de acordo com o que
constatou no exame. Para o solo não é diferente, precisa conhecer sua
fertilidade para recomendar o tratamento mais indicado”, reforça Trento.
O segundo passo é fazer o
controle de plantas daninhas, pois se não eliminar essas plantas invasoras e
fizer a adubação, serão favorecidas a competição por recursos, ou seja, essas
invasoras vão absorver esses nutrientes, competindo com as plantas forrageiras.
“A mensagem é: adubar para
produzir mais forragem que deve ser colhida de forma eficiente pela nossa
colhedora de capim que são os animais, que transforma produto vegetal em
produto animal de alto valor biológico e nutricional”, acrescenta.
Mudança
é uma tendência
Para o especialista da
Fundação MT, a preocupação e cuidados com a pastagem por parte dos pecuaristas
é uma tendência que deve se intensificar cada vez mais. Primeiro porque é
preciso ser mais eficiente com a mesma área produtiva, e, segundo, devido à
expansão da agricultura em áreas destinadas a pecuária. “Aquele pecuarista
tradicional (extrativista) que não investia em adubagem de pastagem e em um
manejo eficiente, ele não tem condições de competir com a lavoura. Isso não
significa que ele sairá da atividade, mas continuará com baixa produtividade e,
consequentemente, menor rentabilidade”, diz.
Entretanto, pecuaristas que
estão realizando manejo correto, com controle de plantas daninhas, uma
eficiente adubação de pastagem, respeitando as alturas de pastejo da forrageira
e realizando a suplementação dos animais, com certeza estão ganhando dinheiro
na pecuária, conforme demonstra a pesquisa.
Fundação
MT: Criada
em 1993, a instituição tem um importante papel no desenvolvimento da
agricultura, servindo de suporte ao meio agrícola na missão de dar vida aos
resultados através do desenvolvimento de tecnologias aplicadas à agricultura. A
sede está situada em Rondonópolis-MT, contando com três laboratórios e casas de
vegetação, um centro de pesquisa local e outros seis Centros de Pesquisa
Avançada (CAD) distribuídos pelo Estado, nos municípios de Sapezal, Sorriso,
Nova Mutum, Itiquira, Primavera do Leste e Serra da Petrovina. Para mais
informações acesse www.fundacaomt.com.br e baixe o aplicativo da instituição.