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Existe capim ruim ou escolha errada?

18 out, 2022


Escolher a forrageira não é algo simples, mas é o primeiro passo para a eficiência financeira e para retardar a degradação do pasto, um problema sério em Mato Grosso. Durante o 1º Encontro Técnico Pecuária de Corte, realizado pela Fundação MT, Acrimat e Imac, em setembro, as alternativas disponíveis de capins e como devem ser inseridas no sistema foram apresentadas pelo engenheiro agrônomo e professor de Zootecnia, Carlos Eduardo Avelino Cabral.

Em primeiro lugar, antes da escolha do capim é preciso que o pecuarista avalie a condição atual do seu sistema, ou seja, considerar as pragas de importância da sua região, solo, relevo, clima, categoria animal e, não menos importante, o nível tecnológico e o potencial de investimento. Também é primordial ter claro qual é o seu objetivo, onde se quer chegar. Seguindo esses primeiros pontos, será mais fácil fazer uma escolha mais assertiva e coerente para um ambiente mais produtivo e sustentável.

Com relação às pragas, a mais importante a se considerar é a cigarrinha das pastagens, principalmente em Mato Grosso. A espécie é capaz de reduzir a capacidade produtiva da pastagem, o que compromete a taxa de lotação e a alimentação do gado - que pode apresentar queda de peso - resultando em prejuízos econômicos.

Neste caso, devem ser excluídas as opções B. brizantha cv. Paiaguás e Brachiaria ruzizienses para pastos permanentes e de até 18 meses. Outra cultivar que não deve ser considerada é a Cynodon, pois é altamente suscetível.

Já para sistemas de integração, como ILPF, a Brachiaria ruzizienses pode ser considerada, pois é uma gramínea de fácil dessecação, exceto para pastos permanentes e de até 18 meses. Neste caso, haverá problemas com a praga no período chuvoso, e somado a isso a forragem tem baixo potencial de rebrota no excesso de pisoteio.

Drenagem do solo

Considerando áreas de várzea, que ficam dois, três meses debaixo d`água, a opção para o pecuarista é a Brachiaria humidicola - a Comum e a Llanero (dictyoneura). A Tupi é outra alternativa, porém, difícil de ser encontrada.

Entre as B. humidicola, a Comum tem maior tolerância ao alagamento/várzea. Para áreas somente encharcadas, com períodos de alagamento menor que um mês, chamadas também de áreas de varjão, a dictyoneura é uma excelente alternativa por ser mais produtiva. 

Textura do solo

Em Mato Grosso, as áreas de pecuária são as mais arenosas e muitos capins podem ser explorados, mesmo havendo restrição produtiva em razão dessa textura, diferente de áreas mais argilosas, no entanto, pouco comuns no Estado. Exemplos de forrageiras para solos arenosos: Brachiaria brizantha – Marandu (braquiarão), Xaraés (MG-5) e Piatã; híbridos de Brachiaria – Ipyporã, Mavuno, Camello, Cayman, Sabiá, Cayana, Dunamis; Andropogon; e entre as Panicum maximum – Mombaça, Tanzânia, Tobiatã, Zuri, Quênia, Tamani, Massai, Paredão e Miyagi. Ressalta-se que as braquiárias toleram mais o déficit hídrico. Para solos cascalhentos, o Angropogon gayanus é uma boa alternativa.

Relevo

Em regiões de Mato Grosso com topografia mais irregular, como Cáceres, Mirassol, Araputanga, Figueirópolis, é importante a escolha da forrageira que atenda a essa situação, cobrindo bem o solo, já que são áreas mais íngremes e pré-dispostas à erosão. Entre as alternativas estão Brachiaria brizantha – Marandu (braquiarão) e Piatã, além de todos os híbridos de braquiária citados. Capins eretos, como os cultivares de Panicum maximum, não são recomendados, por deixar solo exposto após o pastejo.

Clima

Todo o estado mato-grossense se enquadra no clima tropical, com temperaturas elevadas e déficit hídrico, este último é um fator limitante para a produção de forragem. O lado bom é que todos os capins são indicados para a região, pois se desenvolvem muito bem em regiões quentes onde o metabolismo fotossintético da planta é favorecido por altas temperaturas.

No entanto, é importante observar que no extremo norte de MT chove um pouco mais, com locais que chegam a 2.500 mm no período das águas e média de 13 mm por dia. Então, neste caso, como corre muita chuva em pouco tempo, o excesso de água no solo vai favorecer a síndrome do braquiarão, com o desenvolvimento de fungos de raiz. Isso também ocorre em áreas mais íngremes, onde a enxurrada escorre e se acumula. Para essa situação, o braquiarão deixa de ser uma alternativa e, obrigatoriamente, é necessário escolher outro capim.

Animal

Para o componente animal, com foco em bovinos, todas as alternativas já citadas são viáveis, o que pode até se tornar uma dificuldade para o pecuarista na hora da escolha. Para quem trabalha com cria, o Xaraés (MG-5) não é a melhor alternativa, pois é necessário executar um ótimo manejo de pasto e essa ainda não é uma realidade de todo o Estado. Nessa situação, se houver erro na condução da pastagem, a espécie é menos tolerante em sua resposta produtiva.

Nível tecnológico e investimento

As melhores alternativas para áreas com menor nível tecnológico e menor potencial de investimento são as braquiárias, pois conseguem se manter produtivas, ou seja, aguentam o “arrocho” nas diferentes situações de pastejo e condições climáticas, como a sobra de pasto durante as chuvas e a falta de pasto na seca.

Nas áreas com pecuária intensiva, a opção são as Panicum maximum, porém, apenas em áreas menores, onde há planejamento da propriedade, maior controle de entrada e saída, manejo de pasto com reposição de nutrientes, entre outros. Se houver perda de controle é certo que ocorrerão problemas. Além disso, os cultivares de Panicum maximum tem baixa produção no período seco, o que requer planejamento de suplementação para os animais.

Considerações finais

Existe capim ruim ou escolha errada? Existe apenas escolha inadequada.

Sobre a mistura de espécies, o professor Carlos Avelino não recomenda, de modo geral, pois são capins de altura de manejo diferente. Há exceções, segundo ele, mas não é o primordial.

Por fim, o especialista destaca que a escolha correta deve sempre ser sucedida pelo manejo correto.


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