8 dez, 2023
Com mais de 1.500 parcelas
experimentais, trabalho da Fundação MT será apresentado durante dias de campo
em janeiro, com foco na sensibilidade dos materiais quanto a locais e épocas de
semeadura e à ocorrência de pragas e doenças
A escolha adequada da cultivar
de soja é uma decisão estratégica para os produtores rurais e que pode impactar
significativamente na rentabilidade e sustentabilidade da produção agrícola. É
crucial que eles conheçam as características específicas de cada material e,
além disso, que saibam como está o desempenho das variedades no campo com
relação ao local e época de semeadura, à resistência às pragas e doenças, adaptação
às condições climáticas e à qualidade dos grãos.
Para munir os agricultores de
informações técnicas e imparciais necessárias para essa tomada de decisão, a
Fundação de Apoio à Pesquisa Agropecuária de Mato Grosso (Fundação MT) vai
realizar, durante o Fundação MT em Campo Safra 2024 que acontece em janeiro, o
Circuito do Conhecimento de Cultivares nos municípios de Sorriso, Nova Mutum e
Itiquira. A iniciativa será nas estações de Vitrines de Cultivares de Soja, que
contemplam aproximadamente 60 variedades em cada local de pesquisa, totalizando
cerca de 1.526 parcelas experimentais.
No Centro de Aprendizagem e
Difusão (CAD) Norte, em Sorriso, o Circuito terá temas relacionados à
fitopatologia, como a ocorrência de mancha alvo e podridão de grãos, além de
debate sobre vigor de sementes. Já nos CADs de Nova Mutum e Itiquira, será
abordado também a sensibilidade de cultivares à mosca branca e à ferrugem
asiática, problemas comuns em semeaduras da oleaginosa no fechamento de janela
como ocorreu na safra 2023/24. Em ambas as áreas de conhecimento, o público terá
informações sobre a sensibilidade dos materiais avaliados, como se comportam em
diferentes locais, principalmente no que diz respeito às condições climáticas
adversas, com atraso das chuvas no estabelecimento das semeaduras.
Daniela Dalla Costa,
engenheira agrônoma e pesquisadora de Fitotecnia da Fundação MT, destaca que
assim como nas lavouras comerciais de boa parte de Mato Grosso, as áreas de
pesquisa também tiveram adiamento de plantio. “Com o atraso da ocorrência e
estabilidade de chuvas, em Sorriso implantamos apenas uma semeadura em 27/10. Em
Nova Mutum conseguimos estabelecer as duas épocas, em 13/10 e 01/11 e, em
Itiquira, em 20/10 e 03/11”, descreve.
Constatações
Entender como a fisiologia das
plantas está associada à densidade de semeadura junto às condições climáticas
da safra 23/24 também é um dos objetivos dos ensaios de cultivares da Fundação
MT. Todo o conhecimento adquirido será repassado aos participantes do Circuito
do Conhecimento de Sorriso, Nova Mutum e Itiquira. A especialista da
instituição adianta que já há informações interessantes a partir da percepção
de sensibilidade de materiais que apresentaram redução de estande por questões
como vigor de sementes, estresse hídrico e temperaturas elevadas.
“Nesta safra, as sementes
obrigatoriamente passaram por uma situação de estresse. Na maior parte do Estado,
tivemos temperaturas muito elevadas e falta de chuva na maioria das áreas
cultivadas. É fundamental que nesse momento tenhamos sementes vigorosas para
que elas consigam superar essas situações e estabelecer um estande adequado de
plantas”, pontua. Contudo, ela salienta que em algumas parcelas experimentais, assim
como em diversas lavouras do Estado, houve redução de vigor ou a resposta à
emergência não foi tão uniforme porque a semente não tinha o vigor necessário
para superar todo o estresse. “Isso acende um alerta ao produtor para que ele
fique atento às sementes que está comprando”, cita Daniela.
Na temática densidade de semeadura,
a equipe técnica da instituição tem avaliado que as densidades utilizadas, a
partir da recomendação das obtentoras, estão elevadas. E isto já é um consenso
entre os produtores também. Um dos exemplos foi a safra passada, nos ensaios de
Sorriso, onde a fertilidade de solo é alta e as chuvas se mantiveram do início
ao fim do ciclo da cultura. A pesquisadora lembra que as plantas com hábito de
crescimento indeterminado cresceram muito e acabaram acamando. “De 64 materiais
em avaliação, boa parte poderíamos ter reduzido a densidade de semeadura”,
completa.
Para mostrar essa percepção
nos dias de campo, foi implantado em Sorriso um ensaio
com diferentes densidades e cultivares de soja com características de
desenvolvimento diferentes, principalmente em hábitos de crescimento e ciclos.
“Buscamos entender como esses materiais se comportaram nas condições ambientais,
se é mais interessante aumentar a densidade de semeadura ou se é melhor reduzir,
e como esses materiais vão se comportar com relação à produtividade, eficiência
de aplicação, ocorrência de doenças”, explica a pesquisadora.
Doenças
Nas regiões de pesquisa da
Fundação MT, as condições ambientais não estão favoráveis à ocorrência de
doenças, como a mancha alvo que costuma ser um problema em Sorriso. Associado a
esse cenário, realiza-se um manejo de fungicidas robusto buscando evitar a
podridão de grãos e permitir que as cultivares expressem o seu máximo potencial
produtivo. A especialista ressalta, no entanto, que há preocupação com relação
à ferrugem da soja nos ensaios mais tardios (começo de novembro), especialmente
na região Sul do Estado, o que será enfatizado nas rodadas.
Programação
O Fundação MT em Campo Safra
2024 terá início no dia 10 de janeiro em Sorriso, no CAD da instituição de
pesquisa. Em seguida, no dia 17, o evento acontece em Nova Mutum e, por último,
em Itiquira, nos dias 24 e 25. Além da Vitrine de Cultivares e Circuito de
Conhecimento de Cultivares, a programação terá temas relacionados a solos,
entomologia, fitopatologia, matologia e nematologia. As inscrições serão realizadas pelo no www.fundacaomt.com.br.