7 dez, 2021
Mais
conhecido como cascudinho-da-soja, a espécie Myochrous armatus (Coleoptera: Chrysomelidae) é um besouro com 5 mm
de comprimento, formato oval e coloração preta-fosca com variações de marrom a
acinzentada.
Os
adultos têm pouca habilidade para voar e quando perturbados se fingem de mortos,
permanecem imóveis ou se jogam ao chão. É um inseto polífago, alimenta-se de
braquiárias, fedegoso, amendoim-bravo, feijão e milho. Entretanto, hoje, os
maiores prejuízos são observados na cultura da soja.
As
larvas do cascudinho-da-soja são amareladas e vivem no solo, alimentando-se de
matéria orgânica e raízes de plantas de diversas espécies. Até o momento, não
foram identificados danos significativos nessa fase.
O
ataque dos adultos geralmente ocorre poucos dias após a emergência das plantas
de soja. Nesse período, os insetos concentram-se no caule e causam o tombamento
e a morte das plântulas.
Quando
essa fase coincide com uma estiagem, o ataque pode trazer problemas como morte
de plantas ou enfraquecimento do caule, o que é percebido no estágio
reprodutivo das plantas. Por isso, o principal dano dessa praga nos estádios
iniciais de desenvolvimento da cultura é a redução do estande de plantas, o que
pode impactar diretamente na produtividade.
Também
podem infestar plantas mais desenvolvidas e, nesse caso, os alvos são os
pecíolos e as hastes mais finas, que murcham e secam.
O
adulto tem o hábito de se abrigar na palhada em horários mais quentes do dia, o
que dificulta o seu controle, uma vez que o produto pode não atingir o alvo.
Para controlar a praga são utilizados produtos de contato, por isso, para
melhor eficiência as aplicações devem ser realizadas em horários mais frescos,
quando o inseto está mais exposto.
Incidência
A incidência do cascudinho-da-soja
vem aumentando ao longo dos anos, especialmente nas últimas safras. Na safra
2020/21, a falta de chuvas evidenciou o problema, pois com o atraso no
desenvolvimento das plantas de soja o ataque se tornou mais severo.
Em Mato Grosso há maior incidência nas
regiões sul e leste do Estado, porém, a praga está presente em todas as
regiões. O período chuvoso é o de maior incidência, coincidindo com o período
de plantio. Durante a seca o inseto permanece no solo, na forma de pupa, mantendo-se
nessa fase por um período de aproximadamente sete meses, até que tenha
condições adequadas para a emergência do adulto.
Manejo
Para o manejo do cascudinho-da-soja é
importante a utilização de um conjunto de estratégias de controle. O tratamento
de semente é indispensável, pois oferece proteção inicial para as plântulas de
soja, na fase crítica do ataque do inseto.
Além disso, em áreas com altas infestações geralmente
são necessárias aplicações foliares para minimizar os danos dessa praga. Também,
o manejo correto de plantas daninhas e plantas tigueras de milho é muito importante,
uma vez que o cascudinho-da-soja pode se abrigar e se alimentar dessas plantas.
A Fundação MT realizou trabalhos de
eficiência de controle de produtos comerciais para o controle dessa praga. No
entanto, muitos estudos ainda devem ser realizados, principalmente de biologia
e comportamento dessa espécie dentro dos sistemas de produção. Dessa forma,
será possível entender melhor o comportamento do inseto e posicionar, mais
precisamente, as medidas de controle.
Cascudinho em tiguera de milho
Nessa
safra, pesquisadores da Fundação MT estão observando que o cascudinho-da-soja está
se alimentando de plantas de tiguera de milho. Por isso, alertam e orientam que
os produtores realizem o manejo adequado dessas plantas e acompanhem a área de
plantio de milho.
Ainda
não é possível saber se o inseto vai permanecer nas áreas durante o período de
milho safrinha, porém, é um ponto de atenção e os técnicos vão acompanhar os
locais para obter mais informações.
Também,
foi observada maior incidência da praga nos sistemas de plantio soja-braquiária
e soja-milho, enquanto no sistema soja-algodão a incidência foi menor, provavelmente
em razão da menor concentração de palhada nesse sistema.