25 out, 2022
Após avaliar a última safra de soja, especialmente em Mato Grosso e no Centro-Oeste,
foi evidente o aumento na incidência de nematoides nas lavouras. Por isso é
preciso ficar de olho no manejo para o ciclo 2022/23. A Fundação MT orienta que
o monitoramento e o momento certo de coleta para a avaliação dos nematoides são
pontos fundamentais.
O ideal é monitorar sempre os sintomas na parte aérea da cultura,
geralmente, são observadas manchas em reboleiras, onde as plantas ficam
pequenas e amareladas, e onde as folhas afetadas, às vezes, apresentam manchas
cloróticas ou necroses entre as nervuras, caracterizando a folha ‘carijó’.
Ainda pode ocorrer de muitas vezes não haver redução no tamanho das
plantas, mas no florescimento pode acontecer o abortamento de vagens e
amadurecimento prematuro. Daí a necessidade de fazer a análise nematológica,
para identificar o tipo de nematoide e a população presente.
Pesquisadores da instituição orientam para fazer a coleta de solo e
raízes, sempre que identificar ou observar algum sintoma, ou ainda quando
houver queda de produtividade na safra anterior. Depois, é preciso enviar a um
laboratório de confiança para análise. Lembrando que o momento certo de coletar
essas amostras é no início da floração da cultura da soja até a maturação.
Vilões de várias safras
O problema com os nematoides em Mato Grosso tem aumentado nos últimos
anos, e a preocupação maior é com: Meloidogyne javanica, Meloidogyne
incognita e Heterodera glycines, e não menos importante o nematoide das
lesões, (Pratylenchus brachyurus), frequentemente encontrado nas
amostras de solo e raízes. Entretanto, ainda temos o Rotylenchulus
reniformis, que pode não ocasionar perda na soja, porém, na cultura
subsequente, como é o caso do algodão, e ainda perdas mais expressivas.
O aumento da população desses patógenos não ocorre só no Estado, mas
também na região Centro-Oeste do País, principalmente pelo monocultivo
(soja/milho ou soja/algodão), e a utilização de cultivares de soja suscetíveis
ao longo das safras.
Como realizar a amostragem
Para que os resultados estejam de acordo com a realidade da fazenda, é
necessário realizar a coleta de amostras para a diagnose da maneira mais
correta possível e no tempo certo. Para a coleta de solo e raízes é
recomendado que estas sejam feitas no início da floração da cultura,
aproximadamente aos 40 ou 60 dias após a emergência. A Fundação MT também
indica coletar essas amostras, sempre que possível, na bordadura da reboleira,
ou seja, proveniente da rizosfera. No caso de raízes, atenção especial às
radicelas, que devem ser coletadas de preferência no ciclo anterior a um novo
plantio.
Ao fazer a coleta, utilizar ferramentas corretas, tais como enxadas,
enxadões e pás. Sempre identificar a embalagem que for colocar esse material,
sendo esta de plástico para não perder as características iniciais da amostra. Durante
a amostragem, deve-se caminhar em ‘zigue-zague’, abrindo o solo em forma de V.
Coletar as plantas que mostrem os sintomas moderados, evitando aquelas com
muitos sintomas ou que estejam muito depauperadas. Nas reboleiras, amostrar na
periferia dela.
Outra orientação importante é coletar na profundidade de 0 a 25 ou 30
cm. Com destaque para obter 10 sub amostras, a fim de formar uma amostra
composta e aí desta homogeneizar bem e enviar para o laboratório ao menos 1kg
de solo e 20 gramas de raízes, devidamente embalada e identificada de acordo
com a área amostrada.
É preciso mudar
Os danos causados pelos nematoides na soja são muito significativos,
especialmente no Cerrado brasileiro como um todo, onde existem condições
favoráveis ao desenvolvimento e multiplicação deles. Para a Fundação MT, falta
ao produtor aprender a conviver com esses patógenos, pois uma vez presentes na
área é impossível erradicá-los. Por isso é tão importante fazer a correta
diagnose da espécie que está na lavoura, aliada ao uso de ferramentas de manejo
comprovadamente eficientes, baseadas em resultados de pesquisa, assim é
possível melhorar a situação.
Várias ferramentas de manejo estão disponíveis no mercado, com
diferentes graus de eficiência, dependendo do trabalho adotado pela fazenda.
Podem ser adotadas o uso de cultivares resistentes, rotação de culturas,
utilização de nematicidas químicos e/ou biológicos e ainda culturas de
cobertura para introdução de matéria orgânica no sistema. Cabe ao produtor
analisar a relação custo/benefício de cada ferramenta e escolher o que mais se
adequa a sua lavoura.
Continue atualizando
os seus conhecimentos. Você pode encontrar outros assuntos em nosso site, no
App Fundação MT e em nossos canais digitais, como o Youtube.