3 out, 2022
O 1º Encontro Técnico Pecuária
de Corte, realizado em Rondonópolis, no dia 17 de setembro, também reservou
espaço para apresentar os resultados parciais do Projeto Pasto Forte, realizado
pela Fundação MT, em parceria com a Acrimat e patrocínio do Imac. Os dados
foram mostrados pelo pesquisador de Pecuária de Corte da Fundação MT, Thiago
Trento, pelo gerente de relações institucionais da Acrimat, Nilton Mesquita, e
pela diretora administrativa/financeira do Imac, Paula Sodré Queiroz.
O Pasto Forte teve início em
setembro de 2021, com o objetivo de avaliar a produtividade vegetal e animal e
a fixação/estoque de carbono no solo em diferentes regiões de Mato Grosso. O
projeto é conduzido em três fazendas nas cidades de Rondonópolis, Cáceres e
Santiago do Norte (distrito de Paranatinga), com o objetivo de gerar recomendações
de investimentos que garantam a sustentabilidade de sistemas produtivos em
pecuária de corte em três biomas diferentes: Cerrado, Pantanal e Amazônico.
Dentro dessas regiões acompanhadas pelo projeto, há
um total de 972,7 hectares de pastagens, distribuídas em 543,0 ha em Santiago
do Norte (bioma Amazônico), 320,4 ha em Rondonópolis (bioma Cerrado) e 109,3 ha
em Cáceres (bioma Pantanal). Nas cidades e respectivas fazendas, são manejados
4.208 animais nas categorias de cria, recria e engorda.
Para os estudos do Pasto Forte, foram definidos
diferentes ambientes pastoris para englobar todas as situações de pastagens de
Mato Grosso. Dessa forma, foi perguntado ao pecuarista quais eram a pior, média
e melhor área de sua propriedade e confirmados esses ambientes de acordo com as
análises de solo. E em cada um, foram distinguidos os investimentos em adubação
em baixo, médio, alto e zero investimento. A partir daí, foram feitas as
recomendações de adubação para cada ambiente, em conjunto com o produtor e com
a análise de solo.
Resultados parciais
Com as recomendações de
adubação de pastagens feitas para as diferentes áreas analisadas de cada
fazenda, houve incremento no peso dos animais, na taxa de lotação, na
quantidade de arrobas produzidas e, consequentemente, no lucro adicional e
retorno financeiro ao produtor. Confira:
Ganho médio diário de peso
No melhor ambiente de Cáceres,
com 405 animais de engorda, o ganho médio diário de peso saiu de 1.220 Kg na
área sem investimento para 1.443 Kg no nível mais alto de investimento, ou
seja, incremento de 223 gramas. No médio ambiente de Santiago do Norte, com
novilhas, o ganho médio diário de peso saiu de 0,310 Kg na área com zero
investimento para 0,451 Kg na de alto investimento, incremento de 141 gramas.
Já no pior ambiente de Rondonópolis, com animais de recria, o incremento foi de
66 gramas diárias, saindo de 0,606 Kg no pasto sem investimento para 0,672Kg
com alto investimento.
O aumento no ganho de peso
individual dos animais, através dos investimentos realizados, é consequência da
melhoria na qualidade e oferta de alimento para o rebanho, proporcionado por um
bom manejo do pastejo.
Taxa de lotação
O comportamento foi similar ao
ganho médio diário, ou seja, conforme se aumentou o nível de investimento,
também cresceu a taxa de lotação em cada um dos ambientes avaliados. Cada UA
(unidade animal) representa 450/kg de peso vivo.
A taxa de lotação (UA/ha) do
melhor ambiente de Cáceres cresceu, em média, 0,99 UA/ha, saindo de 3,15 UA/ha
na área sem investimento para 4,14 UA/ha na área com melhor investimento. Em
Santiago do Norte, no médio ambiente, o crescimento foi de 1,49 UA/ha, partindo
de 2,26 UA/ha (sem investimento) para 3,75 UA/ha (melhor investimento). Por
fim, em Rondonópolis, no pior ambiente da fazenda, o incremento foi de 0,84
UA/ha, considerando 1,44 UA/ha sem investimento para 2,28 UA/ha com o melhor
investimento.
A conclusão é de que os
investimentos feitos resultaram em maior produtividade de forragem e essa
forragem possibilitou colocar mais animais na área e, consequentemente, maior
taxa de lotação (UA/ha).
Arrobas produzidas
Para este resultado, o estudo
considerou todos os investimentos feitos pelo produtor com adubação, frete,
hora paga do trator, etc. Assim, o saldo de arrobas produzidas é o valor final,
já descontado o investimento.
No melhor ambiente de Cáceres,
o produtor alcançou 15,46@/ha no alto investimento, consolidando um adicional
de 1,85@/ha. No médio investimento, obteve 14,97@/ha e incremento de 1,36@/ha
e, no baixo valor investido, chegou a 14,39@/ha, com adicional de 0,78 @/ha.
Em Santiago do Norte, o
pecuarista chegou a 4,09@/ha produzidas com alto investimento, um adicional de
1,05@/ha. No médio, chegou a 3,67@/ha, com incremento de 0,64@/ha. E com baixo
investimento na área, obteve 3,18@/ha, um ganho de 0,14@/ha, segundo o estudo.
Em Rondonópolis, o pior
ambiente, foram 7,48@/ha produzidas com alto investimento e ganho de 1,66 @/ha,
no médio investimento foram 7,12@/ha e adicional de 1,30@/ha e no baixo
6,40@/ha produzidas e incremento de 0,58@/ha.
Este fator também calculou o
adicional de arrobas e determinou: saldo onde investiu subtraído o produzido, e
os resultados foram sem investimento na área: 13,61@/ha para o melhor ambiente,
3,04@/ha para o médio e 5,82@/ha no pior ambiente.
Esses resultados são devido à
melhoria no ganho de peso diário e aumento na taxa de lotação dos animais, o
que proporcionou produzir mais @/ha sem a necessidade de abrir novas áreas para
a atividade, apenas intensificando a área já existente.
Lucro adicional
Convertendo os valores de
arrobas adicionais produzidas, em Cáceres, no melhor ambiente analisado, o
pecuarista obteve R$ 569,00 de lucro adicional por hectare com o maior
investimento na pastagem, R$ 419,78/ha no médio investimento e R$ 238,36/ha no
baixo. No médio ambiente de Santiago do Norte, os lucros foram de R$ 449,23/ha,
R$ 273,21/ha e R$ 60,65/ha com os investimentos alto, médio e baixo,
respectivamente. Já em Rondonópolis, o pior ambiente, os lucros foram de R$
549,26/ha, R$ 430,12/ha e R$ 191,00/ha, com o alto, médio e baixo investimento,
respectivamente.
O projeto apontou, ao final,
com os dados parciais, qual foi o retorno de cada real investido pelo produtor.
Em Cáceres, foi de R$ 1,14, R$ 1,10, e R$ 1,06, com o alto, médio e baixo
investimento, respectivamente. Em Santiago do Norte, foi de R$ 1,35, R$ 1,21 e
R$ 1,05, com o alto, médio e baixo investimento, respectivamente. E, em
Rondonópolis, foi de R$ 1,28, R$ 1,22 e R$ 1,10, com o alto, médio e baixo
investimento, respectivamente.
Conclui-se que é possível
aumentar a quantidade animal tanto individual, quanto por área, sem a
necessidade de abrir novas áreas, e que isso gera retorno econômico para o
pecuarista, aumentando a sua lucratividade.
Além disso, o lucro adicional
obtido pode ser usado para recuperar novas áreas de sua propriedade e, dessa
forma, favorecer uma pecuária cada vez mais forte, lucrativa, sustentável e
eficiente.
Sustentabilidade
O sequestro e estoque de
carbono de todas as regiões impactadas pelo Projeto Pasto Forte estão em
análise. Dessa forma, o pecuarista terá conhecimento de mais esse benefício ao
melhorar o seu manejo de pastagem. Nesta pauta, o objetivo do projeto é
fornecer uma comprovação por números de que a pecuária é sustentável.