13 jun, 2022
A
cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) é uma das pragas que mais causa
preocupação aos produtores de todo o Brasil. Em Mato Grosso, é um problema
presente na maior parte das regiões produtoras de milho. Na segunda safra 2021/22,
as lavouras tiveram alta população do inseto desde a emergência das plantas,
principalmente na região Médio Norte do Estado. As aplicações foram realizadas,
mas a população se manteve na área.
A presença
de fumagina também está sendo observada, mas, por outro lado, a ocorrência dos
enfezamentos é inferior com relação à safra 2020/21. Isso pode ser devido ao
controle mais adequado feito pelos produtores e também pelo uso de híbridos
tolerantes ao complexo de enfezamentos. A Fundação MT alerta que é importante
continuar acompanhando as áreas que estão no estágio reprodutivo, pois os
sintomas podem ocorrer mais tardiamente.
Nos
plantios de primeira safra, a população de cigarrinha foi maior a partir do final
do mês de outubro, cresceu e se manteve na área. E os sintomas de enfezamento
foram praticamente nulos ou não se expressaram, pois o ataque da praga ocorreu
em períodos mais avançados de desenvolvimento e foram realizadas aplicações
para o alvo.
Desafio
Entender
a dinâmica da população de cigarrinhas infectivas dentro do sistema produtivo é
hoje o maior desafio para o produtor de milho. Sabemos que o inseto pode se
abrigar em áreas de gramíneas, pastagens, sobreviver em milhos tigueras,
mantendo, assim, a população para as áreas semeadas com o grão.
O controle
efetivo também é desafiador em função do comportamento do inseto, que se
movimenta bastante entre as áreas, podendo se dispersar a longas distâncias.
Avanços
da pesquisa
No ciclo 21/22,
a Fundação MT iniciou trabalhos de acompanhamento da população em área de milho
desde a primeira safra, com continuidade nos plantios da segunda safra. O
objetivo deste trabalho foi identificar o início da colonização pela cigarrinha
e como a população se mantém nas áreas com milho na sequência, bem como
entender o complexo de enfezamentos ao longo do tempo. A instituição também
desenvolve trabalhos com controle químico e biológico, avaliando a mortalidade
e eficiência dos produtos e a proteção em relação ao complexo de enfezamentos.
As
avaliações de diferentes híbridos de milho em relação à tolerância ao complexo
de enfezamentos em várias regiões de Mato Grosso, completam os trabalhos em
torno da cigarrinha. Um dos ensaios está instalado no Centro de Aprendizagem e
Difusão (CAD) Médio Norte, em Sorriso.
Com o
experimento, é possível avaliar quais híbridos apresentam melhor desempenho nas
condições onde estão, e a resposta quanto ao complexo de enfezamentos. A
pesquisa busca uma resposta mais próxima ao que o produtor precisa, uma métrica
de severidade sobre a produtividade, ou seja, quanto cada material perde em
potencial produtivo para o complexo de enfezamentos e não somente quantas
plantas têm apresentado sintomas de uma ou outra doença.
Na safra
passada, as avaliações desse ensaio indicaram níveis de redução de
produtividade de 1% com o material mais tolerante, para 17% com o material mais
sensível. Esses dados podem variar com o momento da entrada da população de
cigarrinhas infectivas no talhão, bem como com a pressão da população. São
resultados passíveis de mais estudos para entender se existe a repetibilidade
dos dados, mesmo em condições diferentes de exposição desses materiais ao
complexo de enfezamentos.
Manejo
necessário
O manejo
para a cigarrinha é composto de várias ferramentas que devem ser realizadas em
conjunto, como: destruição de plantas tigueras de milho; boa colheita de áreas
de milho, a fim de evitar sementeira; tratamento de sementes; uso de produtos
químicos e biológicos desde o início do desenvolvimento da cultura, e manter
aplicações até os estádios V8-V10. Além dessas ferramentas, aplicações em
bordadura também podem ser uma estratégia devido ao deslocamento do inseto de
outras áreas.
Já como
medidas culturais, os especialistas indicam evitar plantios tardios, evitar
escalonamento de plantio em áreas próximas, ter uma janela de plantio mais
concentrada; rotação de culturas; não fazer plantio de milho em áreas com altas
populações de cigarrinha e incidência do complexo de enfezamento; uso de
híbridos tolerantes ao complexo de enfezamento; e realizar o monitoramento
constante na área.